Rebelião em Cascavel mostra que sistema penitenciário do Paraná está abandonado

Presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná reclama da falta de investimentos do governo do estado.
Foto: Jornal O Globo
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Dois agentes penitenciários são reféns de presos rebelados na Penitenciária Estadual de Cascavel, no Oeste do Paraná, que completou 12 horas. O motim começou por volta das 6h deste domingo (24). A OAB/PR confirmou a morte de quatro presos, sendo que dois foram decapitados. Quatro detentos foram arremessados do telhado da penitenciária, a uma altura de 15 metros. A Penitenciária tem capacidade para 960 presos e está com 1.150.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Antony Johnson, a situação é crítica. “Não temos previsão para terminar essa rebelião. A situação é grave. Oitenta por cento da Penitenciária foi destruída. Eles danificaram tudo. Meteram fogo em todas as partes. O caos está instalado”, disse.
Johnson revela ainda quais são as reivindicações dos presos que estão rebelados. “Falta assistência jurídica e médica, falta alimentação adequada. Alguns presos estão aproveitando a oportunidade para pedir transferência. O sistema penitenciário do Paraná é precário. É o caos instalado”, afirmou.
O presidente do Sindicato acredita que o descaso do governo do Estado é o principal motivo da precariedade do sistema penitenciário no Paraná. “O governo do Beto Richa não construiu nenhuma delegacia em quatro anos de governo e ainda lotou as penitenciárias. Não fez o investimento necessário. Falta efetivo. Não existe uma política pública de enfrentamento ao crime organizado”, avaliou.
O senador Roberto Requião criticou a situação em sua página pessoal. No Twitter, ele escreveu que “um governo de fantasia cria clima de verdadeiro terror na penitenciária de Cascavel. Precisamos de governo de verdade”. Em outro comentário, considera uma vergonha para o Estado. “Nenhuma penitenciária construída em quatro anos, cárceres superlotados, comando frouxo. Incompetência cria o clima do terror. Vergonha para o PR”, postou.
Gestão – No governo de Roberto Requião, foram investidos mais de R$ 90 milhões na construção de 12 novas penitenciárias, entre 2003 e 2010. O número de vagas subiu de 6.529 no final de 2003 para 15.904 em 2010, o que representa um crescimento de 144% no Sistema Penitenciário do Estado. Em 2006, o Paraná ainda ganhou a primeira Penitenciária Federal de Segurança Máxima.
Todas as unidades dispunham de bibliotecas, salas de aula com professores da Rede Estadual de Ensino, da alfabetização ao ensino médio; áreas de trabalho, de saúde, de atendimento jurídico, assistência social, odontológica e psicológica.
Além de construir novas unidades, o Governo Requião promoveu reformas que possibilitaram a abertura de 1.234 novas vagas sem seis penitenciárias e centros de detenções. Foi eliminada a terceirização das penitenciárias. E o número de agentes penitenciários contratados passou de R$ 1.246 em 2003 para R$ 2.388 em 2010. Neste ano, o salário pago pelo Paraná aos agentes era o maior do país: R$ 2.550,65.
(Assessoria de Imprensa / Filipi Oliveira)
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